Notícia: CROSSING BORDERS INTERNATIONAL WORKSHOP

por Foteini Vlachou e Joana d’Oliva Monteiro

Assinalando o terminus do projecto interdisciplinar “Crossing Borders: História, Materiais e Técnicas de pintores portugueses, 1850-1918. Romantismo, Naturalismo e Modernismo” (PTDC/EAT-EAT/113612/2009), o Instituto de História da Arte (IHA, FCSH/UNL) organizou o Workshop Internacional Crossing Borders que decorreu entre os dias 25 e 29 de Setembro de 2014 na FCSH-UNL, no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) e no Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado (MNAC).
O workshop teve como objectivo principal situar a pintura de paisagem em Portugal durante o século XIX numa perspectiva transnacional e comparativa, e a estruturação das sessões permitiu relevar quer os pontos de contacto, quer as diferenças entre as tradições paisagísticas e historiográficas entre Portugal, Espanha, Húngria, Rússia e as Caraíbas, em contextos nacionais e imperiais.
Neste sentido, quatro especialistas estrangeiros, convidados pela organizadora do evento, Foteini Vlachou (pós-doc, IHA – Fundação Calouste Gulbenkian), apresentaram a pintura de paisagem oitocentista de vários países da Europa e da América Latina. Assim, Javier Barón (Museo del Prado, Madrid) traçou um panorama da pintura de paisagem do século XIX em Espanha; Tatiana Karpova (State Tretyakov Gallery, Moscovo) dissertou sobre os aspectos nacionais e internacionais da paisagem russa, e Nóra Veszprémi (Universidade Eötvös Loránd, Budapeste) sobre a representação da paisagem nacional na Húngria. Na impossibilidade de estar presente Edward J. Sullivan (Center for Latin American and Caribbean Studies, New York University), coube a Begoña Farré Torras (IHA) apresentar a comunicação deste especialista sobre a comodificação da paisagem colonial através da cultura visual dos séculos XIX e XX. Para uma abordagem da temática da pintura de paisagem em Portugal no século XIX e seus aspectos historiográficos e metodológicos intervieram a directora do IHA, Raquel Henriques da Silva, e Foteini Vlachou.
No âmbito do enquadramento cronológico do projecto Crossing Borders, que abrange também o modernismo português, foi dedicada uma sessão à actividade dos futuristas italianos em Paris e ao debate sobre a pintura Cabeça de Santa-Rita (organizado no MNAC), numa tentativa de rever as questões relacionadas com a sua autoria e data de execução. Com vista à consecução deste propósito, foi convidado Christopher Adams (The Estorick Collection, Londres), o qual sugeriu a possibilidade de estar o vorticismo inglês (Wyndham Lewis, Jacob Epstein) associado com a produção da referida obra. A sessão contou também com a participação de Adelaide Duarte (pós-doc, IHA) que se debruçou sobre a pintura de Amadeo de Souza-Cardoso, no contexto do estudo das suas técnicas e materiais.
Para além dos aspectos já referidos, o workshop teve ainda como objectivo a divulgação internacional dos resultados do projecto Crossing Borders, nele participando toda a sua equipa: Ângela Ferraz, Diogo Sanchez, e Marta Félix, que apresentaram as novidades da sua investigação sobre os fornecedores, materiais e técnicas dos pintores do paisagismo português (entre os quais Tomás da Anunciação e Silva Porto); e Cristina Montagner, Vanessa Otero e Ana Margarida Silva, que analisaram os resultados da utilização de tecnologias, como por exemplo a FORS (Fiber Optics Reflectance Spectroscopy), para o estudo da obra de Amadeo de Souza-Cardoso.
O projecto foi apresentado pela sua investigadora principal, Maria João Melo, e por Márcia Vilarigues (Departamento de Conservação da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa).
O workshop contou com a colaboração, entre outros, do Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado (MNAC), onde foi organizada uma visita guiada à sua colecção permanente, a cargo de Raquel Henriques da Silva. Também a Casa-Museu Anastácio Gonçalves (CMAG) acolheu os participantes numa visita àquela instituição e às suas reservas, conduzida pela coordenadora do Museu, Ana Mântua.