Noticia: I Congresso Internacional Arte e Género?

O princípio que norteou a organização do I Congresso Internacional Arte e Género? foi o interesse e respeito pela diversidade de pensamento, que consideramos valorizar a reflexão, evitando a sua redução a um qualquer âmbito ou tendência exclusivos. A pluralidade de pontos de vista esteve presente ao longo destes dias garantindo, de facto, esse desígnio.

O primeiro dia do Congresso decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian em 22 de Outubro de 2014. Após a sessão de abertura, Nancy G. Heller, da University of Arts, Philadelphia, uma das mais significativas decanas dos estudos sobre mulheres artistas proferiu a comunicação inaugural iniciando simpaticamente a sua conferência com umas palavras em português. Referindo-se ao panorama deste Congresso, interrogou a assistência se não se impressionava com o número de investigadores, temáticas, países e instituições envolvidas, confessando que estava impressionada. Nesta conferência inaugural definiu a pedido da organização as diferenças entre arte feminista, estudos sobre as mulheres e o âmbito do género, percorrendo, com humor, 43 anos de diversas trajectórias mais, ou menos, polémicas. Após a sua intervenção teve lugar a conferência âncora de Ana Paula Simioni, da Universidade de São Paulo intitulada Corpos apropriados, corpos subvertidos: mulheres artistas e a representação do nu no Brasil (1890-déc. 1920) e em seguida o debate, do qual vale a pena destacar um pedido de uma estudante da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa destinado a Nancy Heller, solicitando-lhe algumas palavras de Esperança. Em seguida teve lugar o painel Géneros e modos musicais: entre a clausura e a criação de imagens, com as comunicações de Elisa Lessa e de Antónia Fialho Conde, respectivamente da Universidade do Minho e da Universidade de Évora; de Paula Gomes Ribeiro da Universidade Nova de Lisboa, NEGEM – CESEM – UNL; e de Ana Maria Delgado da Universität Hamburg. Fez parte do ADN deste Congresso pontuá-lo com diversas expressões artísticas, assim, após este painel decorreu um concerto pelas Violas e Violoncelos do Colégio Moderno. O primeiro painel da tarde intitulou-se Viver em écran e nele participaram Maria do Rosário Lupi Bello da Universidade Aberta; Maria José Palla da Universidade Nova de Lisboa; Bruno Marques do Instituto de História da Arte (IHA) – UNL e Sara Joana Silva, mestranda da Universidade do Minho. O último painel do dia versou o Humor, drama, corpo e grafismos sendo apresentadas as comunicações de Pnina Rosenberg, da Technion, Israel Institute of Technology; de Maria Eleutério da Fundação Armando Alvares Penteado; e de Sandra Leandro da Universidade de Évora, IHA-UNL, CLEPUL.
O segundo dia iniciou-se na Mãe d’Água com Poesia, Arte e Género. Anna Clover, Margarida Ferra, Ana Rocha e a actriz e encenadora Fernanda Lapa disseram poesia pela manhã nesse espaço extremamente evocador. O Congresso abrigou-se nesse dia e no seguinte na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, outro lugar feliz e adequado para a temática. O painel inicial moderado por Pedro Marques de Abreu da Faculdade de Arquitectura da UL intitulou-se Modos performativos, definições e indefinições do corpo, biologia e fantasia e nele estiveram presentes Emília Ferreira da Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, IHA-UNL; Cátia Mourão do Museu da Assembleia da República, IHA-UNL, e Sandra Neves da Silva do IHA-UNL. Seguiu-se a conferência âncora de Maria José Justino da Escola de Música e Belas Artes do Paraná – UNESPAR que explorou o tema d’A reversibilidade do corpo em artistas como Maria Cheung, Rosana Paulino e Lygia Clark. «Dá-me um ideal»: crítica, critério e criatividade foi o painel que se seguiu moderado por Judit Vidiella da Universidade de Évora. Escutaram-se as comunicações proferidas por Vasco Rosa apresentando proposta independente; Patrícia Rosas do Centro de Arte Moderna da FCG; Joanna Latka do ARTIS – Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da UL; e Isabel Tejeda Martin da Universidad de Murcia, Espanha. O primeiro painel da tarde Para admirar: o génio e o olhar feminino, contou com as presenças de Maria Bussmann da Universität für Angewandte Kunst, Wien; Lynda Mulvin da School of Art History and Cultural Policy, University College Dublin; e de Julia Kleinbeck da Université Paul Valery Montpellier e da Hochschule für Gestaltung Karlsruhe. O segundo painel, moderado por Annabela Rita da Faculdade de Letras da UL e do CLEPUL foi subordinado ao tema Género, corpo, audiovisuais e multiculturalismo na prática artística e performativa e nele participaram Sónia Pina da Universidade Nova de Lisboa, Ruth Rosengarten que apresentou proposta independente e Carlos Garrido Castellano do Centro de Estudos Comparatistas, da Universidade de Lisboa e da Universidade de Granada.
No terceiro e último dia foi O olhar definidor: conceitos cristalizadores, finais e brisas de… mudança? o tema do primeiro painel com as comunicações de Angélica Lima Cruz do CIEC – Universidade do Minho; Filipa Vicente do ICS – Universidade de Lisboa; e María Laura Rosa do Instituto Interdisciplinario de Estudios de Género da Universidad de Buenos Aires. Arquitectar o Género foi o tema seguinte que contou com a presença de Francisco Teixeira da Universidade do Algarve; Francisco Queiroz do CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade; e Patrícia Santos Pedrosa da Universidade Lusófona. O painel da tarde sobre (Re)criações e conflitos na produção de imagens foi abordado por Joana Ramôa Melo da Universidade Nova de Lisboa, IHA-UNL; Joana Ferreira, mestranda da Universidade Nova de Lisboa; Maria Luiza Rodrigues Souza da Universidade Federal de Goiás; Susana Piteira da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto e a proposta independente de Vítor Pomar. Após o debate, seguiram-se as conferências de encerramento moderadas por Maria João Ortigão da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Raquel Henriques da Silva apresentou Mulheres, artistas e emigrantes percorrendo diversas coincidências das trajectórias de Vieira da Silva e Paula Rego. Camille Morineau abordou a exposição elles@centrepompidou e apresentou as suas últimas iniciativas a exposição de Niki de Saint Phalle no Grand Palais e o projecto AWARE (Archives of Women Artists, Research and Exhibitions). No encerramento ficou o projecto de nova edição daqui a três anos. O Congresso terminou da melhor maneira na Escola Superior de Dança com o espectáculo Raspa-me Rapta-me Ralha-me coordenado por Francisco Pedro da ESD.