Call for papers: Arquitectura chã: da (in)utilidade de um conceito

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Em 1972 George Kubler publicou o seu livro Portuguese Plain Architecture Between Spices and  Diamonds, 1521-1706, título que, apesar de apenas ter conhecido tradução portuguesa em 1988, se transformou num dos mais influentes contributos do século XX para a história da arquitectura portuguesa. Nele, Kubler propunha o conceito de arquitectura chã para analisar a arquitectura portuguesa posterior ao grande ciclo manuelino (as especiarias do título do livro) e anterior a outro tempo forte, o do joanino (os diamantes). Tal conceito foi divulgado e consolidado em Portugal por figuras influentes no campo como Pais da Silva (que traduziu o texto) e Horta Correia (que prefaciou a edição portuguesa) e, a prazo, tornou-se numa referência obrigatória em todas as obras que se debruçam sobre essa época.
Contudo, nem todos parecem concordar quanto ao significado do conceito nem quanto à sua aplicabilidade. Kubler identificou, para o período de 1521-1706, uma conjuntura económica longa de depauperização de recursos com a qual nem todos hoje concordam, da mesma maneira que no seu livro discutiu obras muito diferentes, das igrejas-salão de meados do século XVI, à igreja dos Jesuítas de Santarém, edifícios hoje dificilmente agrupáveis sob a mesma categoria.
Actualmente parece ser importante fazer um ponto de situação relativamente ao contributo de Kubler, e sobretudo à historiografia que sobre ele se construiu. O conceito de arquitectura chã ajudou-nos a perceber melhor a arquitectura portuguesa ou, pelo contrário, revelou-se uma ferramenta heurística que ocultou mais do que revelou? O conceito de arquitectura chã é útil quando sujeito a uma leitura restritiva no tempo e quanto aos objectos ou, inversamente, é especialmente iluminador quando tomado na sua acepção mais larga, revelando-se mesmo importante quando alargado a um tempo ainda mais longo que chegue aos dias de hoje? Em que medida a série kubleriana da arquitectura chã tem uma dimensão
traduzível em termos estilísticos?
O IHA e o CHAM organizam um workshop onde se discutirá a utilidade e pertinência (ou falta de ambas) do conceito de arquitectura chã e os campos da sua possível aplicabilidade. Sugestões de participação deverão ser enviadas para os organizadores até ao dia 20 de Abril de 2015. Os abstracts submetidos não deverão ultrapassar as 300 palavras e deverão identificar o/a proponente bem como um contacto electrónico. As participações não deverão ultrapassar os 20 minutos.
Comissão Científica
Margarida Tavares da Conceição (mmtconceicao@gmail.com)| Joana Cunha Leal (j.cunhaleal@fcsh.unl.pt) |Nuno Senos (nuno.senos@gmail.com)

 

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