Curadoria de Ana Balona de Oliveira (IHA/FCSH/NOVA; CEC-FLUL)
Conversa com Euridice Kala
Dia 31 de Maio, 19h
Hangar Centro de Investigação Artística
Nascida em Moçambique em 1987, filha da guerra civil e herdeira da história pré-colonial do país, Eurídice Kala é também conhecida como Zaituna Kala, em homenagem à sua bisavó.
Na sua prática artística, Kala recorre à performance, com a sua personagem “That [BLCK] Dress”, bem como à pesquisa, à fotografia, ao vídeo e à instalação. No seu corpo de trabalho, Kala explora as temáticas da apropriação de aspectos sociais, políticos e económicos, mais concretamente das práticas culturais e das narrativas materiais e económicas, em torno de articulações contemporâneas específicas do contexto político e socio-cultural moçambicano.
Estas narrativas resultam de uma investigação profunda sobre a história do país e são igualmente influenciadas pela história pessoal de Kala (o casamento, a vida em Joanesburgo e as suas ligações por mar a Moçambique, país de origem da sua família), pela sua posição como feminista e pelos seus interesses mais abrangentes sobre arquitectura e linguagem. Tais narrativas passam por processos de expansão, através de observações menos visíveis nos livros de história. Começam assim a revelar-se as conexões da África transatlântica e oriental, que se tornam representativas de uma existência colectiva e individual multifacetada e que fornecem níveis de significado para além daqueles que foram registados pela história, desafiando binarismos sociais.
Kala teve formação como fotógrafa no Market Photo Workshop (2013) e tem-se dedicado à sua prática artística desde então. Trabalhou na Visual Arts Network of South Africa (VANSA). Foi galardoada com residências artísticas em Joanesburgo (África do Sul), Apt (França), Douala (Camarões), Maputo (Moçambique) e Lisboa (Portugal). Expõe regularmente em diversas plataformas e participou em várias exposições colectivas na Holanda, França, África do Sul e Suíça.
Kala é a vencedora da 2ª edição do programa de Residências Artísticas para Artes Visuais e Fotografia em Lisboa (Câmara Municipal de Lisboa e CCP-Maputo). Participa com a instalação “Supõe que a Verdade Fosse Uma Mulher_ E Porque Não” na Bienal de Dakar de 2016.
Migrações Artísticas Em e Para Além de Lisboa, organizado por Ana Balona de Oliveira no âmbito de uma parceria entre o Instituto de História da Arte (IHA, FCSH/NOVA/CASt), o Centro de Estudos Comparatistas (CEC-FLUL/CITCOM/Deslocalizar a Europa/Cultura Visual, Migração e Globalização) e o Hangar em Lisboa, é um ciclo de conversas com artistas, alguns dos quais em residência no Hangar no âmbito do programa de residências artísticas ‘180º Artistas ao Sul’, e outros convidados.