Alexandra Curvelo, amakusa nanban adviser

[internacionalização]

Alexandra Curvelo, coordenadora do grupo de investigação Pre-Modern Visual and Material Cultures do IHA e professora do departamento de História da Arte da FCSH, foi oficialmente nomeada Consultora de cultura nanban do Município de Amakusa (Amakusa Nanban Adviser). A cerimónia de entrega do Certificado pelo Prefeito do Município de Amakusa, Mr. Itsuki Nakamura, decorreu no dia 24 de Janeiro de 2018, e contou com a presença de membros da Prefeitura, do Projecto HIDA, da Amakusa Japan-Portuguese Association e de professores de Universidades japonesas (Kumamoto, Ehime, Kyoto).

Amakusa é um conjunto de ilhas situadas na costa oeste da ilha de Kyūshū, no Japão, a sul da cidade de Nagasaki. É um local remoto e rural do país, que foi um centro fundamental da acção missionária cristã nos séculos XVI e XVII. Graças à protecção de um grande senhor feudal – Konishi Yukinaga (aque adoptou o nome de Dom Agostinho após o seu baptismo) –, Amakusa foi o local onde entre c.1588 e meados do século XVII, a Companhia de Jesus desenvolveu uma parte fundamental das suas actividades. Aqui funcionou, em finais do século XVI, o noviciado jesuíta, assim como um colégio, o seminário de pintura e o parque tipográfico. Em Amakusa viveram Luís de Almeida, que introduziu a medicina ocidental no Japão, Diogo de Mesquita, que após o regresso da missão enviada à Europa introduziu a impressa de caracteres móveis, tendo sido o responsável pela tentativa de plantar no território uma série de plantas europeias e americanas, o pintor italiano Giovanni Niccolò, que supervisionou o ensino da pintura “à maneira ocidental” e da técnica da gravura, e o Bispo D. Luís Cerqueira. Deste passado e do contexto que se seguiu à expulsão dos missionários em 1614, os testemunhos materiais que chegaram até aos dias de hoje estão disseminados pelo território em templos (como o Nanban-ji) e museus (nomeadamente no Santa Maria Museum e no Amakusa Christian Museum).

O primeiro contacto da investigadora Alexandra Curvelo com o património de Amakusa resultou do convite que lhe foi dirigido para fazer parte de uma delegação portuguesa a Amakusa, numa viagem que decorreu entre 26 e 30 de novembro de 2015, no âmbito do Projecto HIDA – The Overseas Human Resources and Industry Development Association –, em associação com a Embaixada de Portugal em Tóquio, o Instituto Camões e o Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão. Esta delegação, que incluiu profissionais de varias áreas (Economia, Artes, Comunicação, Hotelaria, Indústria e Comércio) integrou-se no projecto de promoção do Município de Amakusa através do estudo e divulgação da relação histórica desta zona do Japão com Portugal, e o desenvolvimento do comércio e indústrias locais associadas à memória desses contactos.

Posteriormente, a investigadora foi uma das organizadoras do Seminário Crossroads of cultures and firms: from the Age of Discovery to the Age of Globalization, que resultou de uma co-organização do IHA, da NOVA School of Business and Economics e da Universidade de Kyoto. O Seminário teve lugar na FCSH-NOVA a 5 de setembro de 2016, e contou com a participação de dez conferencistas do Japão e de Portugal, que discutiram o contexto histórico das relações entre Portugal e o Japão, particularmente através de Amakusa. Em simultâneo, e dada a presença em Lisboa de alguns membros do comércio e indústria desta região do Japão, foram debatidas questões relacionadas com os desafios colocados a uma economia local num contexto global.

Após o convite dirigido a Alexandra Curvelo para colaborar com a Prefeitura de Amakusa e uma equipa de académicos japoneses no estudo e valorização das coleções museológicas do território, a investigadora foi oficialmente nomeada Consultora de cultura nanban do Município de Amakusa (Amakusa Nanban Adviser).

Durante a estadia em Amakusa, Alexandra Curvelo participou no seminário académico dedicado ao tema Namban Culture – Its potential for regional vitalization in global arena, juntamente com colegas das universidades de Nagasaki, Kumamoto e Ehime, e proferiu uma palestra intitulada A mutual discovery: the Nanban-jin in Southern Japan in the 16th and the 17th centuries.