Open Lecture

1979. UM MONUMENTO AOS INSTANTES RADICAIS 

Carles Guerra Director da Fundación Antoni Tàpies, Barcelona

17 de Maio , quinta-feira, 10.30

Edifício I&D, 4º Piso Sala Multiusos 2, NOVA FCSH

Entrada Livre

  1. Um Monumento aos Instantes Radicais 

Estética da Resistência continua a ser um livro raro. É, além de um romance, um programa estético. Apesar do êxito inicial que marcou a sua publicação entre 1975 e 1981, logo caiu no esquecimento. A sua imagem de um mundo derrotado ia contra a corrente da maré neoconservadora dos anos oitenta. O livro continua a provocar divisões. Em qualquer caso, alguém como Harun Farocki imediatamente compreendeu a sua extraordinária relevância quando o seu segundo volume foi publicado em 1979. Hoje, o texto monumental de Peter Weiss pode ser lido como uma autobiografia visionária que contém uma descrição não usual de acontecimentos que são apanhados no relato da história. Em seu romance, Weiss descreve uma relação improvável ao longo da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Guerra Mundial. Ele também mostra as guerras e conflitos como cenários para uma pedagogia de enorme potencial, de tal forma que uma pedagogia estética popular emerge do monumental intercâmbio de diálogos que colecciona. Neste momento, o nosso potencial para criar um mundo cheio de conexões bem como o nosso desejo de um mundo assim, reflete-se na Estética de resistência. O modelo encontra-se aí, cheio de paradoxos, aparecendo como uma crónica falsa que requer uma discussão mais profunda, relevante sobretudo para aqueles interessados ​​em reconsiderar a natureza empírica das práticas documentais. Depois de lê-lo, poderíamos chegar à conclusão de que o livro de Weiss merece ser reconhecido como um dos manuais estéticos-chave do século XX. Um lugar que ninguém ousou sugerir para um romance.

Quando embarquei no projeto de uma exposição com base neste livro, vieram-me à mente inúmeros acontecimentos datados por volta do ano de 1979. Uma gestalt totalmente inesperada surgiu a partir da união, como num desenho de pontos, de tantos eventos quanto possível.


Carles Guerra (Amposta, 1965)

Director da Fundació Antoni Tàpies desde 2015. Entre 2011 e 2013 foi curador no Museu d’Art Contemporani de Barcelona (MACBA), tendo anteriormente dirigido o La Virreina Centre de la Imatge (Barcelona) (2009-2011). Doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Barcelona, Guerra é professor associado de Arte Contemporânea na Universitat Pompeu Fabra e tem colaborado no curso de Pós-graduação de Estudos de Cultura Visual da Universidade de Barcelona. É professor convidado no Center for Curatorial Studies do Bard College (Nova Iorque), na Konstfack (Estocolmo) e na Haute École d’Art et Média da Universidade de Genebra. O seu trabalho tem aprofundado aspectos dialógicos da prática artística e as políticas culturais do Pós-Fordismo. Entre as exposições que comissariou destacam-se “Allora & Calzadilla” (2018), conjuntamente com Sara Nadal-Melsió; “Susan Meiselas. Mediations” (2017), com co-curadoria de Pia Viewing; “Harun Farocki. What is at Stake” (2016) e “Empathy” (2016), ambas em colaboração com Antje Ehmann, entre outras. Autor de inúmeros ensaios, Carles Guerra tem colaborado com várias publicações nacionais e internacionais.

 

Conferência organizada no âmbito das actividades do grupo Museum Studies do Instituto de História da Arte / NOVA FCSH