In Memoriam | Maria Helena Mendes Pinto (1923-2018)

Maria Helena Mendes Pinto

 

Maria Helena Mendes Pinto (1923-2018)
O IHA lamenta a morte de Maria Helena Mendes Pinto, cuja vida dedicada ao estudo e divulgação das artes decorativas coloca a sua vasta obra num lugar de destaque na História da Arte portuguesa.
De entre as várias associações e instituições a que esteve ligada, destacam-se a APOM (Associação Portuguesa de Museologia), o ICOM (International Council of Museums), o Instituto José de Figueiredo, a Fundação Calouste Gulbenkian, que lhe dedicou uma exposição de homenagem em 2003 (Peregrinações de Portugal ao Japão: artes decorativas entre os séculos XVI e XIX : homenagem a Maria Helena Mendes Pinto)  e, sobretudo, o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), onde iniciou a sua formação museológica em 1959 sob a orientação de João Couto, e onde trabalhou durante mais de 30 anos.
As suas áreas preferenciais de investigação foram a arte nanban e o mobiliário português, sendo uma referência incontornável para quem estuda qualquer uma delas. À primeira dedicou estudos pioneiros em Portugal sobre as lacas e os biombos, que resultaram de contactos directos com museus e investigadores japoneses a partir da década de 1970. Da sua responsabilidade é, também, a concepção da exposição da colecção luso-asiática do MNAA, e a divulgação do património móvel associado à expansão ultramarina portuguesa no trabalhado realizado no âmbito de inúmeras exposições temporárias, tanto em Portugal, como no estrangeiro. Ainda que o Japão fosse uma das suas paixões, as viagens levaram-na igualmente à Índia, onde colaborou na abertura dos museus de Rachol (Goa) e de Cochim. Sobre o mobiliário português escreveu e apresentou inúmeros estudos, contribuiu para diversas exposições, e participou na reformulação da exposição permanente desta colecção no MNAA.
Maria Helena Mendes Pinto aliou um saber prático que lhe veio da área da Museologia e do contacto directo com os objectos, com um saber teórico cimentado na leitura de estudos e de fontes primárias. O desbravar de alguns dos campos das artes decorativas e a partilha desse conhecimento com as gerações que se lhe seguiram foram alguns dos traços distintivos e fazem parte do seu legado.