‘Você de lá e eu de cá’. A feminização das transferências artísticas entre as cortes espanhola e portuguesa depois da Troca das princesas: enfoques, problemáticas, interrogantes.
Iván Rega Castro | Assistant Professor, Departamento de Patrimonio Artístico y Documental, Facultad de Filosofía y Letras, Universidad de León
16 maio, 17h
Auditório 002 (Torre A, piso -1)/NOVA FCSH
“Tencionamos abordar uma história das relações artísticas entre Lisboa e Madrid “de igual para igual”, focando o reinado de Fernando VI (1746-1759) e Maria Bárbara de Bragança e a regência de Mariana Vitória de Bourbon (1775/1776-1778), durante os anos de doença do Rei seu marido, José I. Uma história de mulheres, portanto; cenário onde se cultivaram com maior profundidade as relações diplomáticas entre Portugal e Espanha, via de comunicação para ideias estéticas, informação artística e objectos de arte. O interesse por este período da história ibérica verifica-se na injustificada falta de atenção por parte da historiografia em estudar sistematicamente esta problemática, um reinado como este –e uma regência como esta–, tradicionalmente consideradas “menores”; talvez por se tratar de uma história “incruenta”, ou também por se tratar de uma história “de mulheres”, que se foca no papel duma mulher (estrangeira) como “agente político” e cultural.
É preciso, portanto, reavaliar e valorizar alguns momentos desta história partilhada, fazendo ênfase na importância de traçar uma história dessas relações entre Madrid e Lisboa, mas não como uma simples história de “vidas paralelas”; é preciso, portanto, (re)construir uma história desses pontos ou lugares de encontro para as culturas palatinas espanhola e portuguesa, como é o caso do Palácio-Convento das Salesias Reais, em Madrid — e o convento de São Francisco de Paula, em Lisboa, ou o Palácio de Queluz. Só com uma investigação sistemática e com uma abordagem abrangente se poderá discernir sobre o que ocorreu, sobre o papel, as funções e os modelos das duas Rainhas nos seus respectivos espaços de poder; e não poderá correctamente entender-se, à margem do correlativo esforço de feminização das actividades artísticas e culturais palatinas, como parte duma estratégia mais complexa de projecção da imagética da realeza.”