Narcisos insubmissos: autorrepresentação, identidade e diferença nas artes visuais ibero-americanas
Organizado pelo Instituto de História da Arte da NOVA FCSH, este é um ciclo de conversas que reúne um conjunto de investigadores, artistas e curadores ibero-americanos em torno do tema da autorrepresentação, da identidade e da diferença nas artes visuais (cinema, fotografia, performance, etc.). O desafio lançado é refletir sobre como sujeitos e grupos historicamente subalternizados (LGBTs, mulheres, negros, populações racializadas do Sul global) têm desenvolvido formas de resistência e auto-enunciação, sobretudo no campo do autorretrato, da Selfie, da autofotografia e de outras estratégias de produção de autoimagem que desafiam as conceções fixas e normativas de género, sexualidade, etnia e classe social. Ao longo de um ano, por duas vezes em cada mês, será divulgada uma conversa online, com conferencistas ibero-americanos provenientes da área das artes visuais, aberta ao público interessado. Serão moderadores das sessões deste ciclo de conferências Bruno Marques, Flavia Bortolon e Dieison Marconi.
Entre os tópicos abordados estão:
– Autorretrato, autorrepresentação e Selfie;
– Identidade, diferença e alteridade;
– Crítica queer e feminista;
– Crítica pós-colonial e epistemologias do Sul;
– Corpos e experiências de sexo/gênero dissidentes;
– Resistência, emancipação e disputas políticas;
– Impulsos narcisistas, confessionais e diarísticos;
– Performatividade, fluidez e mascarada/transformista
-Política da estética e Política da imagem.
Organização:
Bruno Marques (IHA/NOVA FCSH)
Dieison Marconi (ESPM-SP)
Flavia Bortolon (UFPR –PR)
Lucía-Gloria Vázquez-Rodríguez (UCMadrid)
Próxima sessão:
#9 Ksi-meritos: conservadorismo, capitalismo e tecnologia na iconografia fetal | com Clara Cuevas
8 de fevereiro
17:00 (hora brasileira) | 20:00 (hora portuguesa) | 21.00 (hora espanhola)
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Acesso:
https://videoconf-colibri.zoom.us/j/87657914499?pwd=VEdLbmJLUW1wbWxhcWJGeDBWekVaQT09
ID da reunião: 876 5791 4499
Senha de acesso: 508910
Sinopse:
Como aprendemos a ver o que vemos? Como podemos entender o que nossos olhos apreendem? O interesse que motiva este trabalho é pensar como as imagens produzidas a partir de cineradiografias e fotografias científicas nos ensinaram a ver o feto, estando esta visão imbuída de várias motivações subjetivas, econômicas, políticas e sociais. São essas imagens, os produtos fotográficos desses mesmos experimentos, que serviriam para construir uma narrativa humanizadora do embrião ao longo do século XX. Essa transformação, como veremos, produziu a possibilidade de criar um novo personagem na iconografia do século XX: o feto cidadão, transformado em objeto de debate e disputa política.
Bio:
Doutora em história pelo Centro de Estudos Históricos do El Colegio de México e mestre em história pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). A sua tese de doutoramento, intitulada “Un poco de sangre: la mercantilización de la sangre en México, 1940 a 1987”, examina as dimensões políticas, sociais e económicas em torno à venda de sangue no México, desde a institucionalização dos bancos de sangue até a crise da AIDS. Foi investigadora do projeto “Urban Palisades: Technology in the Making of Santa Fe, Mexico City”, da Andrew W. Mellon Foundation, com foco nas tecnologias da desigualdade na Cidade do México. É membro da Red-LIESS, Laboratorio Iberoamericano para el Estudio Sociohistórico de las Sexualidades da Universidade Pablo de Olavide e do grupo História da Ciência, Tecnologia e Medicina na América Latina do Consortium for History of Science, Technology and Medicine. É historiadora do corpo e da tecnologia.
Sessões anteriores:
#8 Quando um torso de Louise Bourgeois se revela um auto-retrato insubmisso: desigualdade de género no Museu | com Bruno Marques, investigador do IHA
24 de janeiro
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#7 Quién nos devuelve nuestras infancias robadas | com Lara La Transgrosera
27 de dezembro
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#6 Eu quero incendiar essa configuração de mundo | com Maré de Matos, artista
1 de dezembro
Abordaremos neste encontro a poética da artista brasileira Maré de Matos e seus entrelaçamentos discursivos que endereçam e questionam as colonialidades do saber e do poder.
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#5 A arte no pensamento de Paul B. Preciado | com Cleiton Zóia Münchow, professor e investigador
20 de outubro
Investigaremos a maneira como o filósofo, queer e transfeminista, Paul B. Preciado, tem mobilizado a arte na sua própria escritura filosófica e faremos alguns apontamentos sobre como sua filosofia tem servido de elemento para novas criações artísticas.
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#4 A auto-representação da sexualidade lésbica não normativa em “Las hijas del fuego” (Albertina Carri, 2018) | com Lucía-Gloria Vázquez-Rodríguez, professora e investigadora
28 de setembro
Esta conferência analisa o último filme da cineasta argentina queer Albertina Carri, “Las hijas del fuego” (As Filhas do Fogo), a partir das noções de identidade, cultura nômade, desterritorialização, inconsciência óptica, biopolítica e pós-pornografia. A diretora consegue construir uma comunidade de corpos dissidentes e gozosos que possibilita a construção de novos imaginários sexuais fora das armadas reificadoras da sexualidade e do desejo lésbico que são característicos dos mecanismos de representação do Olhar Masculino (Mulvey, 1975).
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#3 ___________(título) – O enquadramento performativo como trabalho de arte | com Eduardo Montelli, artista visual e professor
7 de julho
O artista apresentará questões elaboradas em sua tese de doutorado, finalizada em 2021, no PPGAV/EBA/UFRJ, sob orientação do Pror. Dr. Tadeu Capistrano. A pesquisa investiga a influência de enquadramentos performativos – imagens, textos, documentações, perfis virtuais, portfólios, currículos, etc. – sobre processos de formação e subjetivação, especialmente aqueles que dizem respeito ao sujeito “artista”. Com base no mito greco-romano do “Rapto de Ganimedes”, o artista propõe nomear como “ganimédico” um modelo dominante de enquadramento performativo observado na atualidade, ligado às lógicas do controle biopolítico, do espetáculo e da racionalidade neoliberal. Por fim, busca defender que é possível ir além do modelo ganimédico ao transformar a produção de enquadramentos em um campo de experimentação e crítica, compreendendo-a como trabalho de arte e não como um inquestionável meio de conformação normativa.
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#2 Projeções de desejo: Anna Bella Geiger, Monica Barki e Maria do Carmo Secco | com Talita Trizoli, professora, curadora e investigadora
28 de junho
Partindo de algumas obras de época das artistas brasileiras Geiger, Barki e Secco, serão discutidos os aspetos de fabulação de si a partir da prática do autorretrato, tendo como alinhavo entre os trabalhos, as diversas materializações dos desejos de subjetividade e sexualidade.
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