
Colóquio dedicado a José Eduardo Horta Correia:
Arquitectura, Urbanismo e Património da Época Moderna
4-5 de abril, 2024
Fundação Calouste Gulbenkian
O Historiador da Arte José Eduardo Horta Correia é hoje Professor Emérito da Universidade do Algarve, onde ensina desde 1999 na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Mas muito do seu magistério foi marcante num tempo anterior, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Tendo iniciado o seu percurso académico ainda na Universidade de Coimbra, na década de 1970, associou-se desde cedo ao Departamento de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa, pela mão de José-Augusto França. Foi após o reconhecimento da Lisboa Pombalina como objecto de estudo da História da Arte, que Horta Correia realizou a sua magistral investigação de fundo sobre o urbanismo de Vila Real de Santo António.
J. E. Horta Correia destacou-se por uma docência empenhada e crítica, tendo formado gerações de Historiadores da Arte, da Arquitectura e do Urbanismo. Quem foi seu aluno aprendeu. Tendo como base a sua sólida formação em história da cultura e das ideias, a abordagem metodológica da arquitectura e do urbanismo no âmbito complexo da arte e da sua historicidade, atenta à sua operatividade no âmbito do património construído, permitiu que a influência do seu trabalho se fizesse sentir, literalmente, do Algarve ao Minho, mas também nos espaços com influência cultural portuguesa.
Horta Correia publicou estudos fundamentais, mas, talvez ainda de modo mais relevante, a sua investigação e pensamento foram partilhados nos incontáveis momentos formais e menos convencionais de leccionação e orientação dos seus estudantes, ou mesmo, discípulos. Os diversos trabalhos que orientou ao longo dos anos confirmam a sua opção por um conhecimento feito de investigação directa e original de temas que permaneciam em aberto na historiografia da arte.
A densidade das matérias e dos conteúdos que Horta Correia suscita focam-se sobretudo na época moderna (séculos XVI-XVIII), mas estende-se a outras cronologias. Ainda que centrando-se geograficamente em Portugal, não deixa de tocar os processos da expansão e colonização portuguesas, pelo que a sua proposta de uma “escola portuguesa de arquitectura e urbanismo” merece uma renovada e ampliada discussão científica, tão estruturada quanto aberta, para a qual se convocam todos os interessados.
CALL FOR PAPERS
Submissão de propostas de comunicação até 30 de outubro de 2023.
Temas:
1. Ensinar e aprender a História da Arte
Sem intuitos de tratar opções ou linhas pedagógicas, pretende-se aprofundar as questões relacionadas com os próprios objetos de estudo da História da Arte e os modos como se chega ao seu conhecimento, discussão e partilha.
2. Tempos breves e longos: transições, experimentações e continuidades
A criação das formas artísticas faz-se em contínua interacção com o meio geográfico social e cultural em que se insere. É feita de apropriações e rejeições, contaminações e experimentações, rupturas e continuidades, acumulações. Questionar os processos é fundamental, assim como os seus ritmos, sobretudo tendo em conta que os tempos da arte têm a sua própria autonomia, não se sucedem linearmente e que diferentes temporalidades convivem num mesmo tempo.
3. Chão e método em História da Arquitetura, da Engenharia Militar e do Urbanismo
A interpretação crítica do conceito da Arquitectura Portuguesa de Estilo Chão elaborado por George Kubler (1972), em especial se associada ao seminal ensaio metodológico A Forma do Tempo (1962) do mesmo historiador da arte americano, constitui ainda hoje um debate em aberto e fecundo que vai muito além do “estilo” proposto.
4. Comunidades e Regiões: História e Património
É parte integrante da obra de Horta Correia uma espécie de “militantismo regionalista”, defendendo que a arte é, por princípio, expressão privilegiada da especificidade cultural de cada região. Mas ao mesmo tempo que valoriza o estudo da história na sua escala mais próxima, é enfático ao denunciar que este tema não se compadece com amadorismos e reivindica da academia a atenção devida ao que é património cultural das comunidades, rompendo barreiras epistemológicas, como as inúteis dicotomias arte erudita/arte popular ou centro/periferia.
5. Além da cidade: desenho dos territórios e consciência da paisagem
Os objectos artísticos situam-se no território umas vezes como reforço e continuidade, outras como ruptura, como aconteceu, por exemplo, com a fundação de Vila Real de Santo António. Raramente se cristalizam num tempo original, sendo objecto de sucessivas actualizações, inscritos nas paisagens pré existentes mas alterando-as também, em termos físicos e simbólicos. Esta é uma das questões patrimoniais mais complexas que estimulam a história da arte a trabalho conjunto com os mais diversos domínios do saber.
Todos os detalhes no website: https://hortacorreia-coloquio. weebly.com/